estéreis

por Gustavo del Vecchio

sumário:

amb guo...................2
silhueta....................4
uvas.........................5
pretobranco............7
imagem...................9
fúlgida fresta............10
vesúvio....................11
dialética..................12
embriões.................13
eros analítico...........15
como se tu não fosses...17
nada, esta orquídea.......18
externo cerne.............19
pérola-amaranto.........20
elogio de helena........21
venéreo.....................22
abstrato....................23
digressões................25
noites brancas..........26
súbito........................27
ulisses.......................28
lacunas......................29
riverrun....................30
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“Kannst Du die Wahrheit sagen? –
Ich weiss es nicht” -Berg, Lulu Suite

amb guo

que olhos tímidos são esses?

escorregadio(s) demais
vou indo até
não ir mais
sem saber se esse preto
ausência
é chegada ou nada.

estremecimento de pés,
procuro – indeciso – o piso gelado,
balançam e
balançam
reclamam
lentos
até
o dia.

(entressonho)
diante do espelho
recuso o outro.
olho sonolento
fixado no buraco
da pia movediça
- teus olhos? -
tentando entrar
sair daqui
até os teus
secretos reais e lugares.

o vento bate
bate
bate com força
nos meus pés
fora da coberta.

hoje.


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silhueta

essa silhueta que se move pelas entradas
e becos e saídas
saídas de becos e entradas de saídas, por esse túnel
reconfortante, irresistível e insatisfeito
esses passos um após o outro, mais outro,
o som esperado dos sapatos
não chegam nunca chegaram,
perturbado pelo exterior e seus afins
pelo interior e suas repetições
pelo silêncio que incomoda e alivia o impossível
o impossível dos gestos, iniciativas, começos e afins
pelo instante de estabilidade enquanto sigo os passos
pelo instante fogo-de-artifício em que esses desaparecem
só pra depois haver o piscar de um algo,
de vista mais insignificante que o próprio momento,
e então a mesma silhueta com seus passos
ritmados e hipnóticos
dessa vez mais pertos e convidativos,
negando qualquer interferência,
e o outro, esse outro, esse voyeur escondido atrás
de uma camêra sonhos ou palavras,
sempre porém em meio a todos esses outros passos
passos
passos,
pede no fundo que essa mantenha distância,
misturada ao exterior estéril
e ao mesmo tempo fora.

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uvas

encosto-me à tua barriga
chilrear de bichos, florestas
lesmas, lava, escuridão e magma;
em Olimpo os seus lábios,
infinito e pouco

deslizo a mão para baixo, desço a encosta:
no umbigo os segredos da origem:
ventre e vida
vulva vibras,
pressiono mais a orelha contra o corpo
melodias de Aeolus
daquele mesmo ar
finito
pesado, de Baco,
quando não hesitaste
em pisar nessas uvas

sons de abrandura
estala madeira,
tinta roxa
- viva -
sobre o desconhecido pé feminino
que vejo
imóvel ao pé da cama,
quase tocando o chão,
coberto de roxo pulsante,
grita – ou grito? – histérico
e eu ante esse mar
de ondas batendo murmúrios,
risadas dessa profundeza invencível
profunda
profunda demais
não saio dessa fotografia

até os pés se mexerem
indo embora
e foi.

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pretobranco

quero ler um poema
no teu ouvido,
todo o fôlego
que de sua boca aberta
rasgada e triunfante
respira e
respira
todo o turvo ar aromático
de pausas e
suspensões.

assim como drummond
todo o canto negro
passeando - cobra -
dentro
do teu dédalo seboso,
essas palavras pretas
inscritas nessa tua pele
branca
de risos crus, crua
bacia letárgica
de pluma
e segredos,
breu.

exponha esse teu negrume,
negra de coisa
e fios,
tua nuance já varia
do branco marfim mordente
à pérola
negro-amaranto.
quero que ouça essa voz
a se perder
dentro de ti –
calafrios, arrepios
de lábio que não se sacia
à essa vontade de seiva
saliva
bruta.

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imagem

transbordemos esse copo dessas
lembranças sem corpo, de fruto longínquo
e desfruto lá onde a chuva cai em pedaços
frios, enquanto disso só tenho o todo
em partes, no fragmento virtual da tua imagem
ainda que em névoas tão conhecidas
os lábios cerrados visam o desconhecido
mesmo que sejam sempre previsíveis,
o desvio do relevo todo planejado e medido
e medido e medido e medidos esses
fios negros espalhados sem ordem,
quais não guiam pelo labirinto de saídas infinitas,
invadem o oceano marfim e homogêneo
até só restar o harmônico feito de aleatórios.

faltando tua voz
apenas.
já sei
esses contornos labiais
vermelho rubro,
rubra detrás desse rosto
tão fios de cabelo
- céu pálido
investido de neblina e
cataratas castanho.

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fúlgida fresta

ao acabar
o findo prazo
sempre sem fim necessário,
a aparente ilusão
de fins e sobressaltos,
quando ao sairmos pela porta
que porta?
desse tunel asfixiado e
despedaçado de paredes retraídas,
asfixiado de gente
memória
indo à todos os lados
sem nunca chegar,
quando ao sairmos por essa fresta
encardida de pó
encobrindo vivas boates
com suas carnes em atrito
saíremos da violence
ao erótico de um beijo
ainda mais negro e fúlgido e
sutil
como tais fios de cabelo.

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vesúvio

derramo o leite pelo copo,
branco alvo verte
pelo transparente imóvel,
fixando meus olhos.
olhos esses
não saem dos seus lábios
inertes finos suspensos,
devoro-te
com olhos obcecados
a mão inerte sem ousar,
intacta esfinge.

leite derrama
verta seus gritos e dores e tédios
nesse chão frio.
em horas de ocaso
antevejo eflúvio - pelo corpo -
afundo em dilúvio
de coisa que excede
e cai
ainda em iminência.

que seja rápido
não lento.
assim como esse leite demora
a cair, em chiados,
assim como demora
demora demais
a tua lava
para o meu silêncio
em sulcos aquáticos.

soa um pingo, exclama sua presença
círculo pálido
na mesa de madeira.
um respingo do que foi
ou jamais será.

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dialética

que não sobre nada de teu corpo,
o negro vivo te engula
toda, all of you, no pieces
no máximo o vestido misturado
com toda essa ausência de mesma cor
e tão leve e macio,
indiferente ao físico do quarto,
até só ele restar,
com os raios do sol bloqueados
pela cortina espessa.
o tempo ainda é sensível,
contínuo, desagradável,
imóvelvestido.

corpoteudesagradavel,
abismofundo,
sob nuvens espessas
sem formas para alívio
nem superfície
de piso para pés.

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embriões

o fino fio metálico sobe
todo o morro verde
verde demais
pra esse prata acizentado.
a massa névoa
úmida e imprecisa
neblina
engole
ou se deixa perfurar
pelo tubo reto
até sumir o resto,
seu fim em si mesmo – mesma.
o óleo escorre lento
pulsa lactante dentro,
tremem os galhos sob o vento
faz barulho
geme e não para.

acordou?

o branco
que se deixa ir por tuas coxas
resta, enquanto percorre a imensidão de ti,
sem saber se será útil
ou aonde chega,
enquanto vejo seu pelo levantado
fixo e sem tempo
esperando algo,
- o terrível instante -
qualquer coisa.

adiar o momento
de saber o fim, o produto,
se o óleo escorrer pelo morro
do verde exuberante
se isso descer
as tuas coxas alvas
evasivas
pintadas do teu cabelo
preto
e cair no chão, inútil,
assim como esse poema
carente de físico,
assim como aquela corça
carente de água
existindo apenas no papel.

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eros analítico

não pare nunca de falar, engraçado
essas mímicas vocais as quais tento
- vocifero sozinho -
apreender. aprender?

não levanta, quero te sentir
passar a mão sobre seu rosto
testa - lisa - pálpebras imóveis - sem sustos -
nariz - saliência -
boca boca boca - intacta.
repetir
o
movimento.
diferentes pontos tocam
a palma, dedos descem
pequenas ilhas se mostram,
chão quente, a boca abre
para um suspiro: vida.
cubro seu rosto com a mão.

sua boca, nariz, queixo,
(e esse outro terreno,
esse plano movediço, curtos fios
- longos, longos demais -
único a ver,
flanar os olhos).

seu rosto cobre minha mão.
como aquele lento
poente astral,
véu de escuridão ao oceano
desconhecido
lívido.

sentir todo teu rosto
caiba em palma,
palmo a palmo do íntimo
os dedos descem o relevo do nariz
até ao primeiro contato com a carne,
mucosa rósea, nacar labiais,
enquanto o indicador hesita à pálpebra
fechada

abro ao máximo os dedos
fibras esticadas, pulsam para sentir,
ânsia de percorrer o rosto até
o limite
limite?

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como se tu não fosses

como se tu não fosses
as tuas prorpias linhas
sem pertencer ao tempo
rígido linear
que nada tem a ver
contigo,
o silêncio que é abismo
berra os gestos
do torpe ao sutil instante,
de sua ausência
ao enchente contato.

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nada, esta orquídea

cattleya tigrina
de pintas marrom
sobre fundo néctar
corpo.
o dedo trêmulo,
olho revirado hesita
sobre o segredo último,
agora estigmas violeta
veias
abertas à origem,
cru enigma,
como véu sobre ocultos ovários
que anseiam o futuro fruto,
o dedo erguido
pra tocar a cor
pele
visível e evasiva
como sempre,
o pássaro que se oferece
ao neutro néctar
e canta pra afogar o ar
lânguido afago
de excesso e íntimo,
tudo chama e vibra
com essas tuas cores,
caleidoscópio
onírico.

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externo cerne

samambaias que deslizam
ao teu pescoço nu
nu de nada,
esse nada que é barreira,
incontestável lonjura,
porque não me encontrei
nesse jardim
fechado em bifurcações,
nesse prado bege
imenso
opaco
envolto prado
ou seria sua pele?

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pérola-amaranto

se ao menos fosse a claridade
coberta para essa massa deslizante
e ter eu a clareza pouco sufocante,
de ter os olhos sobre tua órbita
a qual paira gigante
sobre seu movimento enfático,
pesado de indiferença gravitacional
prometendo sempre algo extático.

de ter os olhos sobre tua íris
essa sem quaisquer indicações,
mas sim o infinito com nexo,
a qual sem mais
aponta sempre ao centro abissal,
à pupila negra
e negra
e negra
fechada em enigmas
retendo talvez algo estático
e melhor.

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elogio de helena

chorei por esse vermelho
misturado, encardido e violento,
nesse marfim delicado
da sua pele,
sustentado por pilares gigantes
e altos demais pra qualquer binóculo,
pra qualquer lágrima que queira mais
que a infame gravidade,
queira mais que esse peso inútil,
queira mais desse marrom verniz -
cabelo movediço
se envolve em si mesmo
até formar um outro Mais
lá no fundo -
dos planos longos do teu corpo sem borda,
sem possibilidade de cálculos, medidas
medidas.

chorei por essas bordas
tão redondas
de frieza implacável,
correndo a língua pelas bordas
do prato,
nado nessa profundeza
à braçadas e olhares.
o gesso lapidado e liso,
modela-se de quantas figuras quiser,
rostos, guerra, a cobra preta
que se entrelaça hipnoticamente
por toda a carne,
segredos absurdos demais
pra terem forma,
prolonga-se a linha curva,
esse labirinto,
por toda a carne.

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venéreo

escorre os lábios
da vontade de dizê-lo,
de abrir o olho
e agarrá-la,
teu cabelo e tecido veludo
esgarçados,
um copo de café
imagem-godard
adieu au langage,
dois bancos no metrô.

num estalar
sua faca nega quaisquer possíveis,
negue, negue, negue,
rasgue esse tecido
que nos envolve, sempre nulo,
nulo à toda espera ou desprezo,
negue mais, negue,
Verneinung muss!

medo de perder,
de percorrer esses vãos
terríveis
de cores que se desmancham,
pretas, para baixo,
a voz que se esvai
as suas pernas que vão
no outro sentido,
toda a sua pintura
óleo sobre tela
esgazeada.

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abstrato


um borrão e nada mais
em meio a tais verdes
tímidos de começo
que vão escondendo o céu,
encobrindo temerosas os blocos
de cimento cinza e cores mais vivas
que esse inerte borrão preto.

se essas árvores pudessem apenas
terminar o seu começo melancólico
e rejeitar essa arquitetura,
perturbadora do equilíbrio,
que sem mais rejeita,
de paredes que guardam um segredo
e convidam na mesma negação,
engolir tudo
em seu enorme ventre,
aberto para qualquer voyeur perdido.

essa moça que se mostra
um borrão
já também me vê, fixos olhos
nos meus sem repouso e clareza.
acelero o passo, movimento,
movimento de pernas e braços,
grama retorcida e
asfalto duro pisado,
cada passo uma nova imagem
sem cessar o ritmo de fluidez;
mas não, tudo é não,
imobilidade,
risos de minha vã consciência
nesse caos sem formas,
alva e pálida
da indiferença da moça
diante dos absurdos atrás
das paredes e portões,
tão contraste, concreto e insupostos
para a imagem, tão necessários,
e inevitável
me sorve para a composição.

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digressões

de onde vem essa risada, tão delicada,
barulhenta num estalo vem aos ouvidos,
do próprio silêncio casual explode essa anomalia
e contínua em linha reta
com digressões incansáveis
como quando sua mão elogia,
num desses momentos de explosões,
o cabelo inerte vítima e culpado,
em cima dos cílios caídos,
enquanto olho pra cima e não acho a fonte da risada
até que se excede e cai numa única palavra neutra,
esse som íntimo que não alcança o significado certo,
o olhar obsessivo deixado com paredes
inertes e neutras,
esses meus dedos nunca em contato
com o seu real vivo e indiferente demais.

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noites brancas

a cadeira prestes a tombar,
todo o chão quadriculado
de desenhos fartos
tremem todos a despedaçar,
a cena sem gestos
com muitos gestos,
a boca que não transmite
o ar que passa pelo pulmão
cheio de gosto, melento,
queima de tanto impasse
aprisionado na garganta.
aprisionado de língua simples,
idiomática idiota demais
para qualquer começo,
meu fôlego inútil.

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súbito

pedras estáveis
tão submersas em seu mundo quieto,
que a camada líquida envolve
sem inquietudes de futuros presentes,
relação com o fora todo alheio barulhento,
essas formas andantes de passo lento
e pernas longas, moventes colunas de mármore seco
suas vozes de zumbido
com cachoeiras de signos restando sozinhos
dentro do cubículo cinza de pé-direito alto,
o chiado constante do tombar da água,
leve em sua neutralidade,
e essa ameaça, esse súbito que espreita,
uma pedra jogada ao lago
susto
movendo o corpo errado,
o corpo delicado inerte,
o teu corpo feminino,
perturbado pelo acaso causal,
esse que dobra distância ao toque
e neblinas ao olhar sem pudor,
vira-se então,
e acaba.

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ulisses

palavras, sem cessarem nunca
o falso alívio de repetição,
enchem os oceanos
de cada gota gramatical
sobre as tuas águas tuas
cheias até o pescoço do náufrago,
cheias até não sobrar nada de mim mesmo
mesmo que tu estejas longe na praia
estejas longe das ondas, onde
ondas sonoras quais não chegam
a esse além ponto de chegada,
dessas lembranças de pontes
que sempre faltam
e faltaram.

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lacunas

se os dedos tremem
sobre as cores que tocam,
se a boca hesita
sobre o peito que mama
- leite de sonhos e memória -
se os lábios chegam
com as línguas uma só,
se a palavra recua
sobre o aperto constante
de sentido que falta,
se essas mesmas palavras dizem algo
lago gola galo,
vagas e várias
sobre brancos papéis que invadem,
se tudo em mim
de arrepio paira
quando tudo lembra
lacunas.

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riverrun

encontradas as palpitações visuais
usurpadoras de lente ocular,
afastam sem mais o raciocínio
de pensarvisualmente sobre
a imprevisível modalidade do visível
e então depois é serviço retroativo
dos intermináveis sofisticados símbolos
que tentam firmar todas as linhas da forma Esguia
percorrendo onde o físico termina
afinando alargando o suficiente
até não poder mais ou poder sempre mais
sempre sendo a mesma a mesma quantidade
e o novo de novo não tem nada de presentereal
mais uma vez o corpo se contenta ao sensível
e o sensível à nada e Ela à nada
e se não bastasse a mente ao corpo
e como nós Dante a vida é aqui como é
nos círculos que ascendem-descendem
do paraíso de lâmpadas neon de várias cores
do vermelho escarlate ao vermelho escarlate
assim se paga pelo caóticodocotidiano.
Espectador de quem? basta!
máscaradisfarce o semblante pó cabelo caído lívido
formais como o desejo arquitetônico
som de talheres e a boca que se abre
besta dê licença à moça que acaba de chegar
sem incomôdo tem lugar sim eu disse sim
tem lugar mas são tantos
volte ao prato lustroso recheado de cores
e quem disse que vultos negros são menos significantes?
de volta ao commodius vicus da orbita
do olhar no mesmo movimento ileso
prato pernas pernas pato,
pernas perto desses lugares auto ocupáveis e ocupados,
o tão visto par flanando imóveis nesse não tão ruim
ambíguo discreto lento rochosomarfim
delgado amarantoprado cortina Enlace –
quem desceria pelo tal secreto disfarçado
triângulo isósceles atrás da cortina
suas inumeráveis faces medidas
e infinitamente nomeadas
e turvas tulvav ulva uva
repetindo o processo repetindo
o ir voltar ir voltar ir voltar
passando pelos longos caminhos curvos
da tão temida floresta até, saudações!,
o rochosoabismo sem luz de Haides e dessa vez
sem ouvir frasesremorso de mães esquecidas –
oh mas quando dos tempos falsos busco
as tão amáveis mãos que substituiam o complexo
quando o efetivo era apossibilidade de contato
tolerável modalidade impossível do tocável
Vinci Vinci Vinci where art thou brother
onde quando as suas apontavam
como quando su su su su suas apontavam pra cima
e pepepernpraprat revolvemos ao ciclo
dessa vez definitivamente pra baixo
da essen Enigma complexo que Édipo o destemido
responderá quatro três dois oh diluvial formidável alva escleraperma!
quatro dois três para o branco progresso da memória
enquanto progrido mais e mais grito –
mastiga essa comida direito e não fale comendo –
grito pelo único nome fugidío –
Eeeelvvv –
Heeelena!

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